Não sei se chega a ser egoísmo, querer ter você pra sempre aqui comigo. Sair com você nos finais de semanas, passar os verões em praias desertas. Te visitar no inverno. E não deixar que você conheça nenhuma pessoa a mais nesse mundo, nenhum ser além de mim. Nenhum lugar que não seja o meu quarto. Nenhum abraço que não fosse o meu. Eu não quero que você vá embora. Eu preciso de você aqui. Eu não posso deixar que você vá. Porque eu sei que você não voltará mais aqui. Assim como os outros que se foram para tão longe, deixando uma eternidade de saudades. Sau-da-de. Saudade é ter um vazio no peito. É sentir que se aquele vazio existe é porque um dia já foi ocupado por alguém. A saudade não vai embora, nunca foi. Todo dia ela renasce em meu peito quando vejo nossas fotos, de uma infância onde crescemos juntos. E onde vão parar todos os planos? Por onde se perderam todos os nossos sonhos? Todas as nossas conversas jogadas fora, todos os nossos segredos. Talvez por amar demais as pessoas eu tenha que aprender a sofrer por elas. Porque chega um dia em que elas se vão. Deixando pra trás um mundo de saudade e ilusão.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Superficial
Ela é fria, ela é cruel. Ela é fútil e oca por dentro. Seu riso é gélido e os únicos poemas de amor que ela sabe escrever saem de um livro de cabeceira qualquer.
Palavras com aroma de cafeína.
Eu olho pelo vidro da janela embaçado pelo vapor do café quente em minha mesa. Lá fora faz frio, e as pessoas caminham ás pressas tentando achar um lugar para se esquentar. Mas aqui dentro, o café, apesar de amargo me aquece. Assim como o romance que exala das últimas páginas do meu livro preferido. Não quero terminar de lê-lo, não hoje. Paro, e bebo mais um gole do meu café expresso e delicioso com creme. Eu poderia viver eternamente se o tempo parasse bem naquele momento. Um livro e um café. Palavras com aroma de cafeína. E o mundo lá fora poderia desabar, que eu não me importaria.
Parei mais uma vez observando as pessoas através do vidro, desembaçado por esta vez. Observar pessoas têm tendência a me inspirar, cada vez mais.
Agora chove lá fora, mas isso não costuma espantar a população de uma cidade grande com a de São Paulo. A cidade não para, muito menos com a chuva, e as pessoas não param com ela.
Mas havia um casal, em meio aos pingos d’água. Eles pareciam não ligar para o vento, nem para a chuva, muito menos para a agitação nas ruas. O rapaz alto, branquelo e não tão forte, colocava seu casaco nas costas da namorada. E aqueceu-a ainda mais com um carinhoso abraço. A menina sorria tanto que me fez sorrir também. Na mesma calçada, uma mulher encardida sem encolhia embaixo de uma sacada, e abraçava seu próprio corpo, tentando se esconder do frio. Em vão.
De repente, um homem alto e muito bem vestido sorria, enquanto atravessava a rua. Se defendia da chuva com um jornal, e na outra mão trazia um buquê de rosas vermelhas. Por um instante pensei que o conhecia. E meu coração acelerou inconscientemente. Mas uma moça com cabelos louros e esvoaçantes o aguardava do outro lado da rua. Onde o recebeu com um doce beijo nos lábios.
Voltei meus olhos para o livro fechado sobre a mesa. Melhor voltar ao meu mundo irreal, onde a moça loura do outro lado da rua pode ser eu. Só é preciso acreditar.
E continuei apreciando minhas duas paixões, meu romance preferido e meu café quente com chantilly.
One year
Eu caminhei por entre os corredores, e esbarrei nele. Eu era tão tímida e ele tão cheio de si. Me fez odia-lo por tanto querer. Eu não entendia porque. Porque meu coração batia tão forte ao te ver. Porque em todas as noites eu te via em meus sonhos. Porque tudo isso se eu não queria te querer. Você me abraçou em meio a noite gélidas. Me fez enxergar o que eu não conseguia ver em você. Me mostrou seu lado mais belo, seu lado mais nobre. Meu enlouqueceu. Me fez te querer, e te querer cada vez mais. E eu já não tinha mais forças para lutar contra esse amor. Que foi nascendo dentro de mim sem intenção nenhuma de ficar. Mas ficou, e tem perdurado e tem crescido cada vez mais em meu coração. Que já não mais sente frio, que não mais lembra da solidão. Que só sabe querer os teus braços, em noites frias de inverno, e em noites quentes de verão.
Three words, eight letters.
Three words, eight letters. Eram as únicas palavras que você prometeu nunca dizer a uma garota. Mas naquele momento, eu só precisava que você as mencionasse, mesmo que baixo, tão baixo que eu quase não pudesse ouvir. E eu seria sua para sempre. Mas seus olhos vacilaram. Vacilaram e mentiram. Pra mim ou pra ti mesmo, eu ainda não sei ao certo. E sua boca se calou, nenhuma palavra foi mencionada, nada. Calaram sua boca e a sua alma que gritava por dentro. Sim, isso eu podia sentir. Porém você ainda não era corajoso o bastante para poder escuta-la. Era só um jogo, conveci a mim mesma. E fui embora, sem nada nas mãos. Talvez, dessa vez, eu não volte mais.
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